sexta-feira, 7 de março de 2008

Cachaça que cura

Um tipo de levedura usado na produção de cachaça também pode servir para combater a ação da salmonela, bactéria que ataca o sistema digestivo, provocando vômito, diarréia, náuseas, febre e anorexia intensa. A descoberta é de um grupo de pesquisadores da UFMG, e a levedura, a Saccharomyces cerevisiae linhagem UFMG 905, foi identificada pelo professor Carlos Rosa, do Instituto de Ciências Biológicas (ICB), considerado uma das maiores autoridades na área em todo o mundo. A espécie foi uma das doze estudadas pelo biólogo Flaviano dos Santos Martins para desenvolver sua tese de doutorado junto ao Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da Faculdade de Medicina da UFMG. Ele descobriu que o mesmo fungo usado na fermentação da aguardente age como probiótico. Segundo o pesquisador, até hoje só existia uma levedura utilizada como probiótico em seres humanos, a Saccharomyces boulardii, descoberta na França na década de 1920, indicada para prevenir e tratar vários tipos de diarréia.Com a colaboração da Universidade de Nice, na França, Martins conseguiu compreender de que maneira a levedura, já utilizada como probiótico, age no combate à salmonela em um estudo inédito. “Entender os mecanismos de ação dos probióticos é importante para que seja possível otimizar seus efeitos benéficos”, afirma o orientador da pesquisa, professor Jacques Robert Nicoli, do departamento de Microbiologia do ICB.Segundo Nicoli, muitas vantagens da ingestão de probióticos para a saúde humana são conhecidas, como a proteção contra bactérias nocivas e o fortalecimento do sistema imunológico, mas não há trabalhos científicos que comprovem essas propriedades.A etapa do trabalho realizada na França vai ajudar a entender como age a levedura identificada na UFMG, já que ambas são da mesma família. “As duas espécies têm diferenças bioquímicas e fisiológicas, mas são geneticamente muito parecidas”, afirma Flaviano Martins.Os primeiros testes com a Saccharomyces cerevisiae linhagem UFMG 905 no ICB foram realizados em camundongos, que tiveram a salmonelose induzida. Martins percebeu que, em vez de ligar-se às células intestinais, a salmonela prendeu-se às leveduras inseridas no sistema digestivo dos animais.Ele também observou que as leveduras secretam substâncias, ainda desconhecidas, que reduzem a inflamação provocada pela salmonela. “O próximo passo é identificar tais substâncias e entender por que a levedura tem essa afinidade com a bactéria que ataca o intestino”, explica o biólogo.Já se sabe que a levedura probiótica identificada no ICB não é patogênica. Ainda são necessários estudos complementares sobre os mecanismos de ação da levedura e, a longo prazo, a realização de ensaios clínicos, que são os testes com humanos. (Fonte: União dos Produtores de Bioenergia - UDOP - www.udop.com.br)

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